Les Trompettes de la Renommée (tradução)

Original


Georges Brassens

Compositor: Georges Brassens

Eu vivia à margem da praça pública
Sereno, contemplativo, tenebroso, bucólico
Recusando-me a pagar o preço da glória
No meu raminho de louro, dormia como um bicho-preguiça
Bons conselheiros fizeram com que eu comprendesse
Que devia prestar contas ao homem da rua
E que, correndo o risco de cair num total esquecimento
Devia levar todos os meus segredinhos ao conhecimento público
Trombetas da Fama
Vocês entraram mesmo pelo cano!

Desrespeitando o pudor mais elementar
Será que devo, por imposições de marketing
Divulgar com quem e em qual posição
Mergulho no estupro e na fornicação?
Se publicar nomes, quantas Penélopes
Passarão imediatamente por tremendas putas
Quantos bons amigos me olharão de atravessado
Quantos tiros de revólver vou receber?
Trombetas da Fama
Vocês entraram mesmo pelo cano!

Meu temperamento é contrário a qualquer exibicionismo
Pois sofre de uma modéstia quase doentia
Eu não mostro meus órgãos procriadores
Para ninguém, exceto minhas mulheres e meus médicos
Será que devo, para desenfrear as crônicas sobre escândalos
Bater no tambor com minhas partes genitais?
Devo ostentá-las mais ostensivamente
Feito um coroinha que carrega um santo sacramento?
Trombetas da Fama
Vocês entraram mesmo pelo cano!

Uma mulher da alta-sociedade, que me deixa sempre
Saciar minha volúpia em seus bairros nobres
Sorrateiramente, passou para mim, em seu divã de seda
Parasitas do mais baixo calibre que existe
Com o pretexto de fazer barulho ou reclame
Tenho eu o direito de embaçar a honra dessa senhora
Gritando sobre os telhados, escandindo bem as sílabas
A Senhora Marquesa encheu-me de chatos?
Trombetas da Fama
Vocês entraram mesmo pelo cano!

Louvado seja o céu, mantenho boas relações
Com o Padre Duval, o solidéu cantor
Ele, o catecúmeno, e eu, o energúmeno
Ele deixa-me dizer merda como o deixo dizer amém
Tendo combinado com ele, devo escrever na imprensa
Que o surpreendi, um dia, sentado no colo de minha amante
Cantando melopeias com voz que sussurava
Enquanto ela catava piolhos em sua tonsura?
Trombetas da Fama
Vocês entraram mesmo pelo cano!

Com quem, Deus do céu, é preciso que eu durma
Para fazer a deusa de cem bocas falar um pouco?
Será preciso que uma mulher célebre, uma estrela, uma star
Venha pegar o lugar de meu violão, entre os meus braços?
Para agitar o povo e os foliculares
Quem é que quer-me emprestar sua garupa popular?
Quem é que quer-me deixar praticar, in naturalibus
Um pouco de alpinismo em seu monte de Vênus?
Trombetas da Fama
Vocês entraram mesmo pelo cano!

Soariam mais alto, essas divinas trombetas
Se, como qualquer um, eu fosse um pouco bicha?
Se eu rebolasse como uma senhorita
E fizesse, de repente, trejeitos de gazela?
Mas, que eu saiba, jogar os jogos do amor invertendo os papéis
Não rende nada a esses engraçadinhos
Nem confere à glória deles um pingo de mais-valia
O crime pederástico, hoje em dia, já não compensa
Trombetas da Fama
Vocês entraram mesmo pelo cano!

Depois desse panorama das mil e uma receitas
Que nos valem, sem dúvida, as honras das gazetas
Eu prefiro ater-me à minha primeira maneira
E coçar a barriga ao cantar canções
Se o público as quiser, eu as tiro rapidinho
Se não as quiser, guardo-as de volta no meu violão
Recusando-me a pagar o preço da glória
No meu raminho de louro, eu adormeço como um bicho-preguiça
Trombetas da Fama
Vocês entraram mesmo pelo cano!

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