Compositor: Georges Brassens
Ficarei triste como um salgueiro-chorão
Quando o Deus que me segue por toda parte
Me disser, com a mão no meu ombro
“Vai ver se estou lá em cima”
Então, do céu e da terra
Terei que viver meu luto
Será que ainda está de pé o carvalho
Ou o pinheiro do meu caixão?
Será que ainda está de pé o carvalho
Ou o pinheiro do meu caixão?
Se for preciso ir para o cemitério
Irei pelo caminho mais demorado
Vou gazetear o túmulo
Deixarei a vida às arrecuas
Tanto pior se os papa-defuntos ralharem comigo
Tanto pior se me acreditarem doido varrido
Quero ir para o outro mundo
Pelo caminho dos estudantes
Quero ir para o outro mundo
Pelo caminho dos estudantes
Antes de ir fazer a corte
Às belas almas das condenadas
Ainda sonho com uma paixãozinha
Ainda sonho com agarrar-me a saias
Uma vez mais dizer “Eu te amo”
Uma vez mais perder o rumo
Desfolhando o crisântemo
Que é a margarida dos mortos
Desfolhando o crisântemo
Que é a margarida dos mortos
Deus queira que minha viúva se inquiete
Ao enterrar o companheiro
E que, para fazer com que derrame lágrimas
Não seja preciso cebola
Que ela se case, em segundas núpcias
Com um esposo do meu calibre
Ele poderá aproveitar as minhas botas
E os meus chinelos e as minhas roupas
Ele poderá aproveitar as minhas botas
E os meus chinelos e as minhas roupas
Que beba meu vinho, que ame minha mulher
Que fume meu cachimbo e meu tabaco
Mas, que nunca – que grande mágoa! –
Jamais ele chicoteie meus gatos
Ainda que eu não tenha nem um átomo
Uma sombra de maldade
Se ele chicotear meus gatos, há um fantasma
Que virá persegui-lo
Se ele chicotear meus gatos, há um fantasma
Que virá persegui-lo
Aqui jaz uma folha morta
Termina aqui meu testamento
Marcaram na minha porta
“Fechado por causa de funeral”
Deixei a vida sem rancor
Nunca mais terei dor de dentes
Eis-me na vala comum
Na vala comum do tempo
Eis-me na vala comum
Na vala comum do tempo