Le Moyenâgeux (tradução)

Original


Georges Brassens

Compositor: Georges Brassens

A única repreensão, aliás
Que meus pais possam merecer
É não terem jogado mais cedo
O jogo do bicho de dois dorsos
Eu nem mesmo nasci bastardo
Com cinco séculos de atraso
Perdoai-me, Príncipe, se eu
Sou fodidamente medievalesco

Ah! Por que não vivi, valha-me Deus!
Entre 1400 e 1500?
Eu encontraria meus colegas
Na Taverna da Pomme de Pin
Todos os belos falantes de jargão
Todos os prometidos ao cadafalso de Montfaucon
Os mais ilustres senhorios
Do reino da vadiagem

Após uma refeição gratuita
Eu gostaria, sem vergonha na cara
De correr atrás de saias
Seguindo os passos de François Villon
Levantando a saia da prostituta e forçando-a
No Cemitério dos Inocentes
Que meus amores deste século
Não tenham nenhuns ciúmes

Eu amaria o corpo feminino
Das freirinhas e das freirotas
Que, naqueles belos tempos benditos
Nem sempre diziam “non”
Que pulavam os muros do convento
Que, Deus lhes perdoe!, muitas vezes
Contavam os beijos, por favor
Com contas de rosário

Aquelas freirinhas, cujo gosto achava que
Quatro Evangelhos não é muito
Sacrificavam a um a mais
O evangelho segundo Vênus
Testemunha: a abadessa de Pourras
Que foi, continua a ser e sempre será
A mais gloriosa puta
Dos monges do Bairro Latino

Ao final, os anjos da torre de vigia
Levar-me-iam para o cadafalso
Eu morreria, com as pernas no ar
Na guilhotina patibular
Regando a mandrágora
A erva dos enforcados, que revigora
Bendizendo, com os pés
As meretrizes compadecidas

Que lástima! Tudo isso é só canção
É preciso se conformar
Couves-flores crescem, hoje em dia
No Ossário dos Inocentes
A Taverna da Pomme de Pin
É só um bar americano
Há algo de podre
No reino da vadiagem

Não morrerei em Montfaucon
Mas, num leito, como um verdadeiro imbecil
Morrerei, e nem mesmo enforcado
Com cinco séculos de atraso
Que minhas últimas palavras sejam
Alguns versos de Mestre François
E que eu leve entre os dentes
Um floco das neves de outrora

Que minhas últimas palavras sejam
Alguns versos de Mestre François
Perdoai-me, Príncipe, se eu
Sou fodidamente medievalesco

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