Compositor: Georges Brassens
Perdi minha papada, perdi minha pança
E de maneira tão clara, tão repentina
Que supõem em mim um mal que não perdoa
Que ri de Esculápio e o deixa de queixo caído
Como o monstro de Loch Ness já não traz receitas
Durante os tempos mortos, em certas gazetas
Sistematicamente, os necrologistas brincam de
Me pôr num sudário debaixo de folhas de repolho
Ora, cansado de servir de cabeça de abate
Das histórias pra boi dormir que me dedicam
Eu, que passo muito bem, que transpiro saúde
Me adianto e grito toda a verdade
Toda a verdade, senhores, eu vo-la revelo
Se abandonei as fileiras daqueles de mais de duzentas libras
É culpa da Mimi, da Lisette, da Ninon
E de muitas outras, não gravo nomes
Se traí os gordos, os bochechudos, os obesos
É porque trepo, trepo, trepo
Como um bode, um carneiro, um animal, um bruto
Sou obcecado: o cio, o cio, o cio, o cio!
Que me comprendam bem, tenho alma de sátiro
E seu comportamento, mas isso não quer absolutamente dizer
Que tenho o talento, o gênio dele, longe disso!
Nenhuma, ainda, me gritou: bravo!
Entre outras finas flores, conto, na minha lista
Rosa, um bom número de mulheres de jornalistas
Que, acreditando-me acabado, põem toda a fé
Em dar-me felicidade pela última vez
Isso é bonito, generoso, grande, magnífico
E, nas posições mais pornográficas
Devolvo-lhes as honras, com bundas deitadas
Sobre pilhas de encalhes, de pacotes de exemplares não vendidos
E é por isso que, quando vossas legítimas
Mostram a bunda ao povo, assim como a vossos íntimos
Podem-se frequentemente ler nela, impressos ao contrário
Os ecos, as fofoquinhas, as notas policiais
E, se ouvirdes brotar, pelos rodapés
Do toucador dessas damas gemidos e queixas
Não digais: É Titio Georges que dá seu último suspiro
São, simplesmente, os anjos que suspiram
E, se ouvirdes gritar, como na Guerra de 14
Levantai! Levantai, mortos!, não enchais o peito
É a esposa exaltada de um chefe de redação
Que me incita a atacar novamente
Claro, bem que me acontece, reverso da medalha
Deixar, algumas vezes, plumas na batalha
Hipócrates diz: Sim, são cristas-de- galo
E Galeno responde: Não, são gonococos
Ambos têm razão; Vênus, às vezes, nos dá
Maldosos pontapés, que um bom cristão perdoa
Pois, se causam estragos nos atributos viris
Raramente põem a existência em perigo
Pois é, sim, tenho tudo isso, resgate das minhas travessuras
A barca para Citera está em quarentena
Mas, ainda não tenho, não, não, não, três vezes não
Aquele mal misteiroso cujo nome não se diz
Se traí os gordos, os bochechudos, os obesos
É porque trepo, trepo, trepo
Como um bode, um carneiro, um animal, um bruto
Sou obcecado : o cio, o cio, o cio, o cio!